Nunca busquei nada demais. Sempre quis buscar luz dos olhos,
alma refletida na retina, leveza no bater das pálpebras. Eu queria muito,
querendo tão pouco.
Trocaria toda a minha caixa de relíquias, minha coleção de
Camões, meu pedaço de quartzo negro e até a minha falta modéstia por esses
olhos de brilhantes, tão mais ricos e sinceros do que todo o meu tesouro.
Eu troco toda a minha sinceridade por esse sorriso largo, e
por esses seus hábitos insuportáveis, troco pelo seu sono, pelo seu espaço,
pela sua alegria insana. Eu troco o meu juízo pelo seu excesso de zelo, a minha
loucura pela sua sensatez, a minha intensidade pela sua calmaria casual. Eu
troco 15 horas do meu dia por 15 minutos dos seus carinhos.
Você que já me viu tão blasé, hoje repara a alegria que vem
das minhas coisas. Repara até no meio jeito de cantar, de encantar, de te
confundir. Do meu jeito fútil de falar
das coisas fúteis, da minha sagacidade e inteligência, repara até na forma como
eu caminho no piso frio pela manha. Repara assim, por reparar. Não quis nem
minhas preciosidades, e me ofereceu duas mãos e um caminho... O seu, o nosso.
Você que já me viu tão inconstante, tão irritantemente banal em certos rumos,
hoje me faz ser mais incrível, mais convicto e menos atento as atrocidades dos
de pouco amor.
Nossos sorrisos estão trocados, olha pra gente. Tem meu olho
estampado no seu, seu sorriso grudou em meus lábios. Já somos nós. Eu e você,
VocEU.
Não sei se esses olhos brilhantes vão brilhar por muito
tempo, mas que brilhe e brilhe enquanto houver motivos, razão e vontade.
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