Eu não aceito nada nem me contento com pouco. Eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Prazer doce




Quando criança, eu adora brincar com aquelas maquinas encantadoras de chicletes coloridos.
Aquilo tinha o poder de me dominar, e toda e qualquer pratinha era exclusivamente guardada na caixinha em forma de carrinho que acumulava moedas para usar nas sextas feiras na fantástica maquina de alegrias de tutti frut, morando e menta. É tão nítida a imagem daquele boteco de bairro com aquele globo imenso, praticamente inalcançável para uma criança de 5 anos, repleto de bolinhas coloridas, com aquele espiral imenso que ia até o chão terminando em uma portinholinha de ferro que guardava a tão deliciosa prenda. Aquilo era importante pra mim, me fazia criança, éramos como cumplices, eu e a maquina. Estranho.
Lembro do dia em que senti uma vontade infinita de comer uma das minhas bolinhas de sensação boa e de imediato recorri a minha caixinha de moedas. Pra minha decepção, ela estava vazia, e de certa forma eu não achava justo pedir a minha mãe moedinhas extras além das que ela já alimentara semanalmente ao meu cofrinho. Tive uns dois minutos de tristeza, depois por instantes pensei que a maquina e eu seriamos cumplices e que ela me cederia algumas balinhas como que cortesia pelo tento de fidelidade e tudo mais... Ai nasceu minha decepção. Fui até sua catraca, e sem uma moeda tentei gira-la na esperança da balar correr pelos tubinhos e cair na caixa transparente. A bala não veio.  Só um monte de tristeza.
Anos depois, vim a entender o que representava o globo de balas e tudo o que aconteceu. A analogia pode ser bem torta, bem pobre, eu diria, mais foi ai que consegui entender o quanto o mundo caminhava sobre as rédeas de um interesse desmedido.
As pessoas, por sua vez hoje são como as balas açucaradas. São lindas, reluzentes, emocionantes. Te fazem rir, lhe proporcionam o prazer do doce, e se não bastasse no final se transformam em bolas lindas que grudam em nossos rostos nos fazendo gargalhar pela bagunça., mas como as balas, para sentirmos esse açúcar temos de dar algo em recompensa, não as pratinhas acumuladas na latinha de ferro, mas com a loucura da entrega de sentimentos.

2 comentários:

Anônimo disse...

O texto mais foda que você escreveu até agora. Adorei.

Anne Louise disse...

Sei sobre você apenas o que estou descobrindo aos poucos pelos seus textos encantadores. Mas uma coisa me chamou a atenção ao começar a ler o "prazer Doce": Você é mineiro! Ou me enganei? Talvez carioca. Tanto faz. Foi a "pratinha" que me chamou a atenção e me fez relembrar os anos de mineirês. Sou amante da arte, da genialidade, dos que sabem dar forma à essência! Agradeço ao meu amigo Diego Oliveira por ter me indicado seu blog! Abraços, parabéns e obrigada por sua arte de fazer sorrir!