Mesmo depois de já ter dado um Adeus ao dia de hoje, e já ter me aconchegado nas trezentas almofadas que simulam alguém na cama além de mim mesmo, tive que voltar aqui para dar vazão aos pensamentos que mais uma vez não me deixam dormir. É difícil realmente alguma coisa me tirar o sono, mais confesso que nos últimos tempos tem sido mais difícil algo que me faça pegar no sono, também pudera, com esses pensamentos torturantes que habitam essa mente infame, nem mesmo meu querido diazepam tem feito o milagroso efeito do boa noite cinderela.
Ao falar de tortura, me recordo o que me trouxe mais uma vez aqui. Não existe nada mais torturante do que o silêncio. Logo eu que sempre prezei a sabedoria do silencio, as satisfações mentais que ele me trazia, a clareza nas ideias e tudo mais, passo hoje a reclamar dessa falta de barulho perturbantemente torturadora.
A mente humana, ou pelo menos a minha, foi projetada para ter claro tudo o que lhe acerca, evidente que nem tudo sempre será tão satisfatório e inúmeras vezes teremos/terei a necessidade de explicações, explicações com desenhos, frutas quem sabe? A questão é que, por mais claro que tudo aparentemente esteja acontecendo, ainda não me contento primeiro com o silencio de lá de fora e depois com o silencio que passa a se instaurar dentro de mim, pois sim, parece que até meus pensamentos tem se recusado a falar nesses instantes.
Não quero parecer idiota, apesar de sempre dar a impressão de que sou realmente um idiota. A verdade é que tenho falado demais de tudo nos últimos dias, isso faz-se notar pela quantidade de textos que tenho publicado ultimamente. Tão quanto quero fazer de tudo isso aqui um apelo desesperado a algum barulho exterior, preciso apenas assentar minhas ideias em algum lugar, e antes que eu as faça de forma incoerente, prefiro deixa-las fluir da maneira mais sensata possível por essas linhas que certamente meia dúzia de pessoas possam ler. Não estou escrevendo por auto piedade, por favor, sei que pouquíssimas pessoas acompanham o blog, e deixo claro, minhas ideias aqui expressam instintivamente o que sinto, e servem como base para meu alivio, não para afagar ou apunhalar alguma coisa de alguma forma.
Meus dias, apesar de esquisitos e torturante, tem disso cômicos. Naqueles em que não estou altamente concentrado em uma apresentação importantíssima do trabalho, alterno não exatamente nessa ordem em escutar umas músicas bregas/sofríveis, ter autos de excitação e começar a limpar tudo e qualquer coisa que me parece sujo a começar pelo meu próprio lep top, olhar desatentamente para a Amy com cara de indiferença em meu desktop, ouvir duas ou três vezes seguidas aquela música na qual prefiro nem falar qual é porque só de escrever o nome já sinto o nó na goela, olhar desesperadamente e continuamente para o celular que insiste em permanecer mais silencioso do que quando está inoperante, e é claro, escrever, escrever e escrever descompensadamente.
De qualquer forma, esse tal desespero começa a dar espaço a uma sensação de despedida um tanto quanto fúnebre. Se no começo do final de semana eu me ressentia por algo que ainda não tinha acontecido, hoje me ressinto por algo que me parece que não vai mesmo acontecer.
Acho que agora posso voltar pra cama, pelo menos as minhas milhões de almofadas vão me confortar até o dia seguinte. Sim, estou mais aliviado em dividir um pouco dessa merda que não sei o que é com alguém que também não sei quem é que possa estar lendo isso tudo.
Sobre o silencio? Sim, esse ainda me tortura. Mais logo o silencio vira uma resposta, se não por falar, mais por eu ter entendido o que sua crucial falta de palavras tem a me dizer.