Eu não aceito nada nem me contento com pouco. Eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Merthiolate





Se eu tenho o sorriso?
 - Olha pra mim, veja como sorrio de dentro. Não, olhe direito, no fundo dos meus olhos. Olhou?
Oi alegria, eu te vejo alegria. Sua irreverencia e  sua graça. Ai como são doces suas palavras, como esse sorriso cativa, e esse jeito tonto de falar das coisas fúteis, da vida alheia, do cotidiano destruído? Oi alegria, eu vejo a sua alma. Aquela alma macia, doce, que nem algodão! Algodão doce, pois sim, é doce. Oi alegria, eu vejo seus lábios, eles não param de se abrir em sorrisos, repare só como me olha com os lábios... Seus lábios cantam os nomes, os nossos nomes. Oi alegria, eu te vejo tão inquieta, o que acontece com você? Alguém mais te vê assim? Alegria, você está ai... Por favor, me olhe de novo. Gosto do jeito turvo de encarar o que eu falo. Oi alegria... Acho que te vejo melhor, porque não está com a sua fantasia de lantejoulas hoje?
Eu não queria, mas eu enfim te vejo, alegria. Porque você usa muletas? Quebrou sua perna, os pés, a bacia...?
Alegria, porque você não quer olhar mais em meus olhos? Alegria... Você está sangrando. Alegria?Alegria.
Poxa... eu não sei mais onde você foi. Você me deixou, sua bandida. Mas olha... eu escrevi essa cartinha pra mandar pra você. Vou colocar ela no pé do beija flôr, tá? Ele sempre sabe onde você está.  E olha, não repare a letra apressada, é que fiz isso naquele tempinho que eu tinha entre a noite e o sono em que eu me desaguava em você. Caso você leia, me dê um sinal? É que eu só queria te falar que eu descobri a sua cura, e que ela está aqui em mim.