E ele vive mais leve.
As coisas são mais simples agora, os amores ainda são os
mesmo, as paixões e desamores também. Os
seus sonhos ainda são os mais coloridos, seus olhares fulminam aquele mesmo
brilho devastador. Sua alma ainda é quente, tão quente quanto o dorso que agora
já não é o mesmo. Suas fugas continuam as mesmas, seus medos e desprazeres
também. Seu jeito lúdico e atemporal irremediáveis
ainda estão por aqui. Sua força parece renovada, sua vontade ganha nova
proporção extra large e sua impetuosa malicia também. Talvez mais irônico,
talvez menos blasé.
Quem mudou afinal? Ele ainda fala de seus amores? Seu
coração pertence a quem? Pertence a somente ele, e a alguém que sabe guia-lo,
que só não se deu conta disso.
Talvez seja hoje menos da metade do que um dia foi, um
décimo de toda a sua loucura ainda permaneceu.
Trocou o lascivo pelo nocivo, largou o solitário pela sua companhia
constante. É mais presente nas vidas, na sua principalmente.
Hoje ama mais e mais, como nunca pensou que amasse. Ama-se,
se ama.
Gosta ainda de confundir e ser confundido, e hoje tem a
capacidade de dissimular sentires como qualquer bom personagem de comédia romântica.
Já é percebido pelo que faz e não mais pelo discurso
contraditório. Encanta e não mais encanta-se.
Parece tão mais alguém que é de fato do que alguém que foi
um dia.
Hoje ri de tudo o que dizem e disseram. Adora a falsa
educação na qual é tratado,tolera por conveniência o intolerável, representa
uma empatia apenas para ser o ser mais falsamente aceito dos ciclos. Sorri pra
tudo, pra todos.
Hoje é fã da arte, da música, da literatura. Se perde a
paralelos de estudo do comportamento de homens e humanidades. Tem discurso pra
tudo e discorre sua persuasão embebedando qualquer um com duas ou três
palavras.
Já não se encanta mais pelo boçal/banal. Precisa de
argumentos mais tácitos para acender a chama impetuosa da entrega. Envergonhasse
por um dia ter se feito acreditar em tantas falsas verdades que ele mesmo
inventou.
Se ele é outro já não se sabe mais. O que tem em vista é que
alguém deliciosamente incrível hoje habita aquela pele.
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