Eu não aceito nada nem me contento com pouco. Eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

No more fake love


Eu sou o maior falsário de amores que existe.
Adoro os amores inventados de Cazuza, as rosas que não falam de Cartola e toda a melancolia de sonhos de uma noite de verão do amor seja lá qual for.
Sempre delineei minhas paixões, seus itinerários e rotas, seus prazos e fluxos. Seu tempo, sua sina, sua cor e seu cheiro. Sempre contive o que eu queria, o que eu podia, e o que nem sonhava.
Nunca amei de verdade. NUNCA.
Não sabia da falta que os olhos faziam, ou do tremor que sentia nas pernas, nem se quer imaginava na pele da face ruborizar por apenas um olhar. Nunca havia comido as borboletas com batata doré que servem no botequim dos corações domados. Nunca pensei em me agradar com as coisas simples, com as palavras banais e com os sorrisos, ah os sorrisos largos e folgados que me desregulam no primeiro instante.
Jamais admiti abdicar do sono só pra observar outrem dormir, contar os batimentos, ouvir a respiração. Nunca senti tanta saudade de hábitos e manias insuportáveis e que nem ainda conheço. Nunca senti tanta falta dos domingos em família que não tivemos, dos sábados no fogão ousando em nossa cozinha experimental, de esfregar o maço de louros em sua pele pra te ver se irritares, e depois me beijar com os lábios lambuzados de baunilha e pimenta doce.
Nunca sonhei em envelhecer, sentir o peso do tempo em meu corpo. Me imaginei segundos atrás vivendo essa e duas ou três ou infinitas vidas só pra observar cada ruga da sua face.
Nunca pensei em sacrifícios, sejam eles da escala que forem. Hoje, convicto sei de que sacrifício nenhum desse mundo é factível o suficiente para enxergar a satisfação no sorriso de canto de lábio, quebrado pro lado esquerdo.
Aprendi a ser social, a encantar sem menos, a respirar sem força, a flutuar enquanto ando, a sentir e degustar e me deliciar com um simples “oi” pronunciado pela língua certa.
Nunca acreditei no encontro de almas, de vidas. Nunca achei que seriamos predestinados a ninguém. Sempre ri do destino, e veja só.
“Será que te conheço desde a infância, será que na infância eu parti? Para um mundo imaginado por você, ou por você o mundo veio e a infância assim se foi?”
Vem que nossos sonhos ainda nem desenhados foram.
Quero seu olho no meu, seu rosto no meu, sua alma na minha, minha alma na sua. Fundir corpo, alma, coração, vida, morte e eternidade.


sábado, 25 de agosto de 2012

Pele que habita




E ele vive mais leve.
As coisas são mais simples agora, os amores ainda são os mesmo, as paixões e desamores também.  Os seus sonhos ainda são os mais coloridos, seus olhares fulminam aquele mesmo brilho devastador. Sua alma ainda é quente, tão quente quanto o dorso que agora já não é o mesmo. Suas fugas continuam as mesmas, seus medos e desprazeres também. Seu jeito lúdico e atemporal  irremediáveis ainda estão por aqui. Sua força parece renovada, sua vontade ganha nova proporção extra large e sua impetuosa malicia também. Talvez mais irônico, talvez menos blasé.
Quem mudou afinal? Ele ainda fala de seus amores? Seu coração pertence a quem? Pertence a somente ele, e a alguém que sabe guia-lo, que só não se deu conta disso.
Talvez seja hoje menos da metade do que um dia foi, um décimo de toda a sua loucura ainda permaneceu.  Trocou o lascivo pelo nocivo, largou o solitário pela sua companhia constante. É mais presente nas vidas, na sua principalmente.
Hoje ama mais e mais, como nunca pensou que amasse. Ama-se, se ama.
Gosta ainda de confundir e ser confundido, e hoje tem a capacidade de dissimular sentires como qualquer bom personagem de comédia romântica.
Já é percebido pelo que faz e não mais pelo discurso contraditório. Encanta e não mais encanta-se.
Parece tão mais alguém que é de fato do que alguém que foi um dia.
Hoje ri de tudo o que dizem e disseram. Adora a falsa educação na qual é tratado,tolera por conveniência o intolerável, representa uma empatia apenas para ser o ser mais falsamente aceito dos ciclos. Sorri pra tudo, pra todos.
Hoje é fã da arte, da música, da literatura. Se perde a paralelos de estudo do comportamento de homens e humanidades. Tem discurso pra tudo e discorre sua persuasão embebedando qualquer um com duas ou três palavras.
Já não se encanta mais pelo boçal/banal. Precisa de argumentos mais tácitos para acender a chama impetuosa da entrega. Envergonhasse por um dia ter se feito acreditar em tantas falsas verdades que ele mesmo inventou.
Se ele é outro já não se sabe mais. O que tem em vista é que alguém deliciosamente incrível hoje habita aquela pele.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Alma Gêmea

As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesmo, e depois vão embora. 

Martha Medeiros